domingo, 11 de novembro de 2012

João Oliveira e Alexandre Pais

Troca de cartas entre um adepto da Académica e Alexandre Pais (director do Record).



Esta ausência de sintonia entre o que deve ser e o ter de ser por consequência de motivos de ordem económica é um dos paradigmas actuais mais preocupantes do e para o pensamento de uma sociedade. A situação apresentada que antecede este comentário é um caso concreto de uma publicação periódica desportiva, mas é apenas um pequeno reflexo de algo que é evidentemente endémico na comunicação social portuguesa. E não só. Essa dominação “editorial” – e consciente - encontra-se também na televisão, no cinema, na rádio, especialmente na música, e até, em determinada medida, na literatura. Facilmente dir-se-á que é uma perversão económica na procura pelo lucro; naturalmente, embora distante de ser esse o problema. A agrura é que deriva da, esta sim, perversão do bom-gosto, de uma mentalidade maioritária que determina grandemente os conteúdos das várias dimensões referidas, por estes serem os seus predilectos. E aqui há nova derivação: isto implica naturalmente uma produção de conteúdos para ir de encontro a essa procura, isso é-nos a todos suportável, o maior prejuízo é a necessidade da mais que visível subversão daquela que deveria ser a sua hierarquia e proporção na oferta.

Divido-me entre a simpatia pelo João Oliveira e a compreensão da opção pragmática de Alexandre Pais. Do mais, resta retirar que muito do que se pensa depende inevitavelmente no que se pensa e ao que se acede, bem como que uma sociedade pode ser caracterizada por aquilo que prefere. Todavia, pouco há mais que se possa fazer.

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