quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Os 100 Craques Que Mais Me Marcaram (#79 - 60)

79 - Paul Pogba - O mais jovem atleta nesta lista terá de carregar o pesado ónus de ser também o mais caro jogador da história de qualquer desporto. A verdade é que algo convenceu o United a pagar um prémio do euromilhões por ele, e não foram os penteados picarescos ou os fatos extravagantes. Pogba é um tesouro que aparece uma vez a cada geração. É difícil não imaginar a inevitabilidade do seu sucesso na função de médio ofensivo na Premier League, onde poderá explorar livremente o seu ilusionismo, atleticismo e violento pontapé. Se Mourinho quiser, terá nele um jogador que decide campeonatos.

78 - Alexis Sanchéz - Se querem demonstrar a um jogador ofensivo a importância da mobilidade sem bola, o mais recomendável é mostrar-lhe vídeos das movimentações de Alexis no Barcelona. Era activo, astuto e incansável na procura do espaço. Mudou-se para o Londres, onde se pôde assumir mais responsabilidades de construção e desequilíbrio. Lesto, habilidoso, criativo e um grande finalizador, já leva duas Copas Américas consecutivas pelo seu Chile, selecção na qual é a estrela mais cintilante.

77 - Alessandro Del Piero - Este senhor era já considerado uma lenda da bola quando a Juventus desceu de divisão à custa do escândalo calcio caos. O capitão permaneceu na Vecchia Signora e deu o exemplo: 20 golos na Série B e, na época seguinte, no regresso à sua casa Série A, foi eleito o melhor jogador da liga aos 33 anos de idade. Acabou a carreira com 346 golos. Tinha a respeitabilidade de um grande capitão e a probidade de um grande homem. Em suma: um verdadeiro catedrático do jogo.

76 - Radamel Falcao - O nome é em homenagem ao clássico jogador brasileiro, mas o epíteto de ave de rapina assenta-lhe como uma luva. Um esfomeado predador, com apurado instinto e saltos inexequíveis, deu ao F.C. Porto a Liga Europa com um golo na final, contabilizando 17 no total do torneio, tentos que fazem dele o melhor marcador de qualquer competição europeia nos registos. No Atlético, foi a estrela em mais uma conquista da Liga Europa, à qual somou uma Supertaça Europeia na qual foi soberano. É o melhor marcador da história da selecção colombiana. Aquela longa lesão estragou-lhe a carreira e pôs o mundo a pensar onde teria chegado a Colômbia com ele em 2014, onde o seu substituto Teo mostrou que a sua habilidade mais rara é a de conseguir falhar o que um humano normal não conseguiria.

75 - Petr Cech - A conquista da Liga dos Campeões em 2012 por parte do Chelsea é um milagre difícil de entender. A explicação é complexa e compreende várias variáveis, mas é possível isolar a mais relevante: o guarda-redes checo foi insuperável. Segurou Barcelona e Bayern com paradas atrás de paradas, confiante e inabalável. Com a chegada da coqueluche Courtois, foi despachado para o clube rival, onde continua a mostrar todas as semanas o seu tremendo valor. O famigerado acidente, que atirou Hilário temporariamente para a baliza, deu a Cech aquele célebre capacete, uma das imagens mais icónicas do futebol que, juntamente com a sua qualidade, ficará na memória colectiva dos diletantes.

74 - Edgar Davids - Por falar em objectos marcantes no futebol, que dizer dos óculos futuristas do pitbull? Obrigado a usá-los graças a um glaucoma, em campo não lhe faltava visão. Irrequieto e agitado, juntava uma combatividade anormal com o engenho do seu refinado pé esquerdo. Quando tivermos definitivas certezas sobre a idade de Renato Sanches, podemos dizer com certezas quem é que se inspirou no jogo de quem.

73 - Juan Román Riquelme - Quando se fala na extinção actual dos chamados números 10 clássicos, suspira-se por este feiticeiro. Na Europa, não triunfou no Barcelona, mas ainda emanou o seu perfume ao serviço do Villarreal, onde teve a oportunidade de brilhar na Champions. Uma das estrelas da constelação albi-celeste, tomou a decisão de voltar prematuramente para a sua Argentina natal, onde se sentia verdadeiramente em casa, deixando o futebol europeu órfão da requintada destreza com que jogava e fazia jogar.

72 - Robert Lewandowski - Jürgen Klopp achou este caprichado ponta-de-lança, que andava a marcar alguns golitos no modesto campeonato polaco. Depois de uma primeira época pouco prolífera, tornou-se um dos avançados mais impiedosos do futebol europeu. Possante, guarnecido de técnica apreciável e um bloco de gelo quando o estádio se levanta à espera do seu inevitável golo, precisa de deixar crescer o cabelo para ficar definitivamente igual a um dos melhores personagens de Sopranos, também ele um frio e cruel assassino.

71 - Kun Aguero - Aguenta todas as cargas graças ao baixo centro de gravidade e pujança física. Um perigo à solta, com movimentações inteligentes e com remates que entram todos a provocar os postes. Deu o primeiro título ao City em 44 anos com o mítico golo no último minuto do campeonato. Com os constantes problemas físicos e uma média sobre-humana de golos por minuto quando está disponível, podemos apenas especular sobre o seu impacto se passasse mais tempo em campo do que na enfermaria.

70 - Iker Casillas - Antes de vir para o Dragão coleccionar likes no insta e frangos em campo, Iker assumiu-se como um ídolo de guardiões em todo o mundo. É o espanhol mais internacional de sempre, e conquistou tudo o que havia para conquistar sucessivas vezes. Aguçados reflexos, voz de comando e uma notável humildade e discrição elevaram-no a um dos símbolos do século no futebol mundial. Por isto tudo e por ter trazido uma das mulheres mais bonitas do mundo para a cidade mais bonita do mundo, chegou ao Dragão com créditos para gastar. O problema é que já os começa a esgotar.

69 - Clarence Seedorf - Aglomerava todas os ingredientes de craque: sapiência, uma anormal capacidade atlética, lucidez e um canhão na chuteira. Um homem respeitável, honesto e inteligente, assenta-lhe como uma luva a alcunha de Il Professore, que ganhou em Itália por ter tirado o mestrado em administração. As Ligas dos Campeões eram a suas sete quintas: venceu a competição por quatro vezes, ao serviço de três clubes distintos. One of the greats.


68 - Mats Hummels - Se Hummels tivesse jogado nos anos 70, seria ele conhecido como kaiser. É o central mais confortável com bola. Apoia o ataque com serenidade, elegância e impressionantes noções tácticas e colectivas. Defensivamente, antecipa jogadas com uma impecável leitura de jogo. Forma actualmente com Boateng uma deliciosa dupla que funciona como um autêntico duplo pivô construtor.

67 - Edwin Van der Sar - Na já referida defesa do Man. United que logrou catorze jogos consecutivos em branco na liga mais competitiva do mundo, estava atrás de Ferdinand e Vidic este gigante holandês. Dois metros de sobriedade, reacções instintivas e autoridade. Coleccionou uma vitrina de prémios colectivos e individuais, tendo vencido a sua última Premier League na juventude das suas quarenta primaveras. Terminou a carreira no topo e com um lugar reservado no Olimpo.

66 - Ángel Di María - Este habilidoso trinca-espinhas evoluiu de um espalha-brasas para um faz-tudo. No Real Madrid, tornou-se num incansável todo-o-terreno, abnegado e com um pé esquerdo com a precisão de um William Tell. Partiu a loiça na final de Lisboa. O meio-campo do Real Madrid é luxuoso, mas nunca conseguiram arranjar verdadeiro substituto para a dinâmica que imprimia, a atacar e a defender. Por agora, vai-se divertindo a arrasar a Liga Francesa com o seu ilimitado talento.

65 - Antonio Cassano - Mais conhecido pela faceta bad boy, pelas incontáveis parceiras sexuais, por constrangedoras declarações homofóbicas e por andar à porrada com o treinador, este filho-da-mãe ingrato nasceu com dois dos pés mais valiosos que a genética já concebeu. Tinha com a bola uma relação de estima e afinidade, e descobria passes onde o comum dos mortais não veria opções. Vejam este vídeo (cujo título faz uma arrojada questão) e perguntar-me-ão como não está no top 10. Antonio, o futebol nunca te irá perdoar a displicência.

64 - Frank Lampard - Poucos médios terão existido com a sua capacidade de chegada às zonas de finalização. Pela inteligência e colocação de remate, e por gostar mais de penalties que um caloiro num jantar de curso, tornou-se no médio com mais golos em todos os registos da Premier League e o melhor marcador da história do seu Chelsea. Além disso, parece que chamar-lhe génio pode ser aplicável para além do plano futebolístico.

63 - Nemanja Vidic - Para o melhor trio defensivo do século ficar completo, falta falar deste guarda-costas. Vidic era de betão, um segurança mordaz na marcação e insuperável no salto. Bravo, impiedoso e sólido como titânio. Foi escolhido como melhor jogador da Premier League por duas vezes, uma das quais na famosa época dos 14 clean sheets consecutivos. Se Donald Trump o colocasse na fronteira, não precisava de dizer ao México para pagar nada.


62 - Thiago Silva - Gosto de gabar os olheiros do meu clube por terem descoberto este diamante no humilde Duque de Caxias. Não triunfou na Invicta por causa de uma tuberculose. Curou-se no frio da Rússia e, em Itália, ganhou o estatuto de um dos melhores centrais do planeta e, porventura, o mais completo. Rápido, talentoso, com impecável presença de espírito e sempre infalível nas abordagens. Se dúvidas houvesse sobre a sua influência, tentem adivinhar quem esteve suspenso no famigerado 1-7, deixando o eixo defensivo entregue aos angustiados e angustiantes David Luiz e Dante.

61 - David Beckham - Se o leitor quiser pesquisar imagens de Beckham no Google, com tamanha nudez dará por si a roçar a fronteira da pornografia. David é um homem muito bonito e casou com a terceira Spice Girl mais jeitosa (desculpem, mas a Emma e a Geri sempre me encheram mais as medidas). Mas cabe-nos a nós, homens heterossexuais apaixonados pela bola, relembrar o jogador que não corria, parecia nem suar, mas que oferecia golos cantados a quilómetros de distância, produzia na bola curvas mais perigosas do que as da Christina Hendrix e que, quando queria acertar no buraco, era melhor que Tiger Woods.

60 - Wesley Sneijder - Foi usurpado de uma Bola d'Ouro que era sua por direito, quando em 2010 carregou o Inter à conquista da Champions e a selecção holandesa até à final do Mundial. Uma mina de criatividade, hábil com qualquer pé, autor de projéteis balísticos imparáveis e, do alto do seu metro e setenta, vislumbrava tudo o que os outros não viam. Desterrou-se criminalmente cedo, para o longínquo campeonato turco, longe dos palcos que continuou a merecer pisar.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Os 100 Craques Que Mais Me Marcaram (#100 - 80)

Ah, futebol... A dimensão religiosa dos ateus, a mais barata das drogas, o mundo onde uns centímetros fazem a diferença entre um lugar na história e um lugar no Candal.
Em tantos anos como apreciador deste nobre ofício, homens houve que se elevaram sobre os comuns mortais e me fizeram perder anos de vida só para os ver brilhar. Propus-me, por desafio pessoal, a realizar a desconfortável tarefa de elaborar uma lista de cem artistas, que compilasse aqueles cujo futebol mais entusiasmou.
No decorrer dos próximos dias, irei apresentar esta lista, dividida por cinco partes. Não houve metodologia científica envolvida neste processo. Esta compilação é resultado da contemplação do futebol enquanto arte. Arte com toda a acessão desse termo, aos níveis da criatividade e da emoção inerente.
A ordenação foi o misto possível entre o prazer que retirei do seu jogo e a sua marca no futebol como um todo. É tão arbitrária que eu próprio dou por mim a contestá-la. A hierarquia é, portanto, secundária e um puro exercício de organização. Sem mais delongas, eis os artistas:

100 - Mario Gómez - El Torero nasceu com um dote raro: o de saber sempre onde se colocar. A zona ideal, onde a bola poderia e deveria cair, parecia iluminar-se para ele, pela aparente facilidade com que surgia no espaço. Brincava com o risco do fora-de-jogo como um equilibrista e, com a oportunidade, era letal com qualquer parte legal do corpo. Campeão no Estugarda e no Bayern, onde somou golos bissemanais. Ah, e os dois tentos à Holanda no Euro 2012 são para ver e rever; pela estética e como recordação de que a técnica de Gómez, entretanto enferrujada por consecutivas lesões, não costumava ser assim tão rudimentar.

99 - Shunsuke Nakamura - Os seus livres eram drones tão precisos que se eles os enviasse para a Síria, os americanos não teriam mais de se preocupar com a possibilidade de atingir hospitais pediátricos. As curvas que desferia desafiavam as leis do movimento de Isaac Newton . Um ídolo no Celtic, quando esta equipa clássica frequentava mais amiúde os grandes palcos europeus. O melhor jogador asiático do meu tempo de vida.


98 - Diego Forlán - Depois de uma passagem desastrosa por Manchester, afirmou-se em Espanha como um dos grandes avançados a jogar na Europa, ao serviço de Villareal e Atlético. Móvel, engenhoso, tecnicamente munido e proprietário de um pontapé aprimorado, consolidou definitivamente o seu lugar na elite do futebol no Mundial 2010, onde foi eleito melhor jogador da competição após carregar o Uruguai até às meias-finais.

97 - Mário Jardel - O drogado que, aquando da eleição como deputado estadual no Brasil, se identificou como sendo politicamente de direita por ser "um cara direito demais", foi em tempos um sanguinário assassino em série. O seu tempo de salto e precisão de cabeçadas eram de tal forma marcantes que deram a Carlos Tê a analogia lírica perfeita . Fez com os cruzamentos de Drulovic e as movimentações de João Vieira Pinto magníficos casamentos. Na época seguinte à sua saída das Antas, o desconhecido Pena apresentava-se no F.C. Porto para ocupar o seu lugar na equipa, afirmando "Meu nome é Pena, não Jardel". Que Pena não ser Jardel.


96 - Jerôme Boateng - Esta positiva impressão é recente e gradual. Inicialmente, era um pino. Um daqueles polivalentes à John O'Shea, que joga mal em todo o lado. Depois, comecei a ver um central muito rápido e vigoroso. Desde a última época, promete mudar o paradigma do defesa central, ao construir jogo de forma tão constante como um médio criativo. Os seus passes longos são tão imaginativos e precisos que é difícil acreditar que se trata do mesmo matacão que tremia sempre que a redondinha lhe era enderaçada.


95 - Michael Carrick - Poucos médios terão sido tão injustamente desvalorizados. Além de uma capacidade anormal de passe e leitura de jogo, a sua inteligência posicional elevam-no acima dos demais, de uma forma tão relevante quanto subtil. Não se convençam por mim: esta laudatória lista de citações sobre Carrick por parte de algumas das lendas do desporto transmite a sua relevância melhor do que eu alguma vez poderia.

94 - Diego Godín - Se grande parte do mérito atribuído ao sucesso recente do Atlético está na liderança de Simeone, é preciso não esquecer o seu alter ego no relvado. Godín é a personificação da impetuosidade, concentração, competitividade e compostura táctica que caracteriza o batalhão que é este balneário. Na última jornada da época 2013/2014, marcou no Camp Nou o golo que deu o título ao Atlético, um prémio justíssimo para o grupo e, especialmente, para o comandante dessa armada.

93 - David Trezeguet - Este radioso sorriso do Rei David nos festejos é uma das mais vivas memórias futebolísticas da minha infância. O mais conhecido destes sorrisos foi na final do Euro 2000, quando havia golos a dar taças automáticas. Época após época, na Série A e na Champions, os golos caíam em catarata. Conhecia cada palmo da área como se fosse a sua sala de estar. Era ágil, inteligente e fulminante.



92 - Gheorge Hagi - Junho de 2000, eu tinha 9 anos e estava num casamento. Numa pequena sala, os convidados masculinos acumularam-se à volta de uma pequeníssima televisão para assistir ao Portugal - Roménia, do Europeu. Por entre cabeças e mau contacto na antena, distinguia-se nos romenos alguém que tratava a bola com tal subtileza e sabedoria que passei a acreditar em amor à primeira vista. Era o Maradona dos Balcãs, já com avançados 36 anos, a dar lições de futebol a jovens aficionados como eu. Um irrefutado craque.

91 - Fabio Cannavaro - Há um qualquer fenómeno místico em terras transalpinas que fomenta o surgimento dos defesas mais correctos e eficientes. Quando já não havia Baresi ou Maldini, Cannavaro conduziu a defesa italiana que foi a base da vitória no Mundial 2006. A sua eleição como melhor do mundo esse ano foi tudo menos unânime, mas ninguém atreve atacar a influência e qualidade deste central, que pouco mais alto era do que Moutinho.


90 - Juan Cuadrado - Considerado um flop no Chelsea, e sendo actualmente a terceira opção para o lugar de ala direito na Juventus (atrás de Dani Alves e do limitado Liechsteiner), limito-me a ter de remeter os leitores para o texto que redigi em 2014 de forma a justificar a inclusão deste tremendo talento.




89 - Jaap Stam - Se o leitor acha que o seu chefe é assustador, nunca teve de ser marcado homem a homem por este titã. Intimidava com o seu tamanho e a sua postura de liderança. Um Adamastor que não permitia dobrar o seu cabo. Eleito melhor defesa da Liga dos Campeões por duas vezes consecutivas e presença assídua na selecção holandesa, é um dos últimos da sua espécie.


88 - Henrik Larsson - A minha mãe sabe o quão temível era este sueco, já que teve de lavar a minha roupa interior depois da final da Taça UEFA de 2003. Duas golpadas certeiras, e no último lance do jogo, até Pedro Emanuel desesperou por ter cedido canto, consciente de que poderia ter dado a Larsson um pitéu perfeito, mortífero que era de cabeça. Acabou a carreira com 471 golos, entre equipas suecas, Celtic, United, Barça e selecção. Quando era golo e ele estava em campo, não era preciso ir ver quem marcou.



87 - Lúcio - Um chefão à antiga. Feio, mandão e insuperável na impulsão. Depois de uma carreira na Alemanha, onde ao serviço do Leverküsen foi melhor jogador da Bundesliga em 2002 (ano em que foi campeão mundial com Scolari e Anderson Polga) e posteriormente tricampeão pelo Bayern, ainda foi para o Inter limpar a Liga dos Campeões. Aliava a dureza a uma impressionante velocidade, rigor e personalidade.


86 - Hulk - Chegou em dia de apresentação, com nome de super-herói, um promissor arcaboiço, mas o Q.I. futebolístico de um Sancidino com trissomia. Cresceu e, com ele, cresceu o meu Porto. Balas de canhão, arrancadas devastadoras, demolia de tal forma nos contactos físicos que os árbitros desconfiavam da sua legalidade. Depois dos jogos contra o Benfica na época de Villas Boas, se Givanildo me fizesse uma serenata propondo matrimónio, sentir-me-ia impelido a aceitar.



85 - David Alaba - Quando Guardiola diz que um jogador é um Deus, temos de prestar atenção. A dimensão de polivalência que a sua carreira assumiu não é circunstancial. Alaba é adaptável e mutável porque tem todas as características de que um jogador precisa em qualquer posição e para qualquer função táctica. E um pé esquerdo que leva a bola a cair onde ele bem entender.



84 - J. S. Verón - Quem cresceu a ver a Argentina do início do século, tem de se lembrar deste careca que era tão raçudo quanto talentoso. Brilhou na Série A e na Premier League, onde encantava pela força, stamina e visão de jogo. Quando se lembrava de puxar a culatra, o guarda-redes só poderia esperar que a bola não lhe quebrasse o nariz.



83 - Cesc Fábregas - No Arsenal, tornou-se um dos jogadores mais talentosos e respeitados do planeta. Um médio com uma formidável classe e discernimento. Depois de vários defesos cheios de novelas, regressou à Catalunha, onde inevitavelmente encaixou como a última peça do puzzle. Foi uma ajuda predominante na Espanha que conquistou tudo. A sua argúcia táctica até lhe permitiu jogar a falso 9. O seu actual momento de forma não apaga tudo o que construiu.



82 - Michael Ballack - Até o Fenómeno o lixar na final, o Mundial 2002 foi seu. Um médio de elite tremendamente completo, fisicamente robusto e com invejável engenho. Sabia tudo sobre o jogo e fartou-se de marcar golos pelo seu potente remate e noções do espaço. E não se controlava quando a UEFA impunha a sua lei sobre a lei da justiça desportiva.



81 - Oliver Kahn - Um dos jogadores mais carismáticos da história e provavelmente aquele com pior feitio. Acumulou episódios de raiva dignos de um pittbull maltratado. Era um espectáculo dentro do espectáculo. Por trás desta problemática personalidade, estava um dos melhores de sempre a calçar as luvas. Grande, intimidante, marcar-lhe um golo era penosa tarefa. Ganhou tudo o que havia para ganhar ao serviço do seu Bayern e foi eleito melhor jogador do Mundial 2002, apesar do frango concedido ao Fenómeno na final.


80 - Rio Ferdinand - Em 2008/2009, o Man. United bateu um dos mais impressionantes recordes defensivos do jogo, conseguindo catorze jogos consecutivos sem sofrer golos na EPL. Ferdinand formava então com Vidic aquela que foi a mais rija e inabalável dupla de centrais que presenciei. Nas duas transferências que protagonizou, para Leeds e depois para o Man. United, bateu o recorde do defesa mais caro do futebol. Um impressionante atleta, sólido, carismático e com uma tremenda influência em todo o grupo.